Madrid - Parte 23 de 192314

Estou deitado na minha cama, no meu quarto, na minha casa. Dizer isto é quase surreal. A minha casa. A minha vida. A nova.

Entre mil e um detalhes, tudo se parece alinhar. Continuo a não acreditar em coisas como o destino ou todos os seus pseudónimos, mas aparentemente tudo acontece por um motivo. Tudo gira no mesmo sentido, a orquestra toca e todos ouvem menos o maestro. E no meio de tudo isso dou por falta de algo que nunca tive. Ou que nunca soube ter. O que é, não sei. Ou melhor, não é nada. Mas faz-me falta. É algo que nunca quis ter, algo que alienei de tal forma que deixou de existir. Mas que existe. É como se a ausência de um sempre presente vazio se tornasse, de repente, a maior falha do planeta, e o engolisse de um só trago.

Parece que me deixei para trás. Em tempos fui eu, tinha tudo arrumado e tinha um espaço apertado para mim. Agora tudo o que resta é esta simplicidade, este conforto de existir e sobreviver nesta cidade que vive de me recebeu em troca de mim mesmo.

1 comentários:

Vio disse...

não parece, tu deixaste-te mesmo para trás. Para seres de novo, uma vez mais.

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