2010

Faça-se um brinde a 2010, que já terminou. E, da mesma forma que passei (ou, pelo menos, gostaria de ter passado) 2010, assim escrevo sobre ele: polvilhado com a inebriante sedução alcoólica.
Foi-me inicialmente difícil definir tudo aquilo que por mim passou neste período. Na verdade, não há mais que uma amalgama de ideias, artistas, conceitos, eventos e palavras perdidas na minha mente e na minha pessoa em relação a estes 365-iguais-a-tantos-outros dias decorridos e percorridos. Não tendo sido um período de revolução, apenas me distancio desse ano olhando mais além, e vendo quem era em 2009 e que sou 2011. Assim, 2010 define-se à custa da passagem entre 31/12/2009 e 01/01/2011, e não necessariamente por si mesmo. E isto quase que seria motivo para me deixar triste...
Não tivesse sido 2010, na sua essência, um caminho que me levou a Janeiro de 2011. Tal como em todas as viagens, a virtude está no caminho percorrido, e não no alcançar do destino (ou pelo menos assim nos dizem e nos fazem acreditar os filósofos de ideias baratas e descartáveis que por esse mundo fora existem e vingam). Neste período, longe de (me) ter inventando, reinventei(-me). Não para ninguém. De certa forma, 2010 foi um ano de egoísmo, de auto-mim-tudo-e-mais-alguma-coisa-egoista-que-possa-haver. Longe de ter sido feliz, aprendi a não ser infeliz por depender. Aprendi a "independer". Aprendi que espetar pequenas agulhas em nós próprios nos torna quase invencíveis perante as típicas e entediantes facadas que nos dão todos os dias, e que teimam em existir, apesar de querermos nada a ver com a sua essência. Aprendi que mau é bom, e que bom é bom, e que o que chateia é estar no meio, na incerteza, na indefinição. Sei agora que a virtude é um equilíbrio, qual ying e yang da sociedade ocidentalizadamente mentalizada em boas e más pessoas (e sei que não existem boas e más pessoas).
Sei mais, muito mais sobre mim mesmo, e muito pouco mais sobre algumas pessoas. Sei que as pessoas raramente são para mim, e que apenas eu alguma vez serei meu. E é com isso que devo contar.
Aprendi que ser esta espécie de ser tem as suas falhas, e aprendi a compensar isso com sorrisos falsos e piedosos. E sinceros. Aprendi o que há realmente na essência, e o quão irrelevante isso é.
Apreendi concertos, filmes, séries, notícias, técnicas e tecnologias, antisocialidades e sociedades construidas com base nisso. Aprendi a arriscar, a sonhar, a deixar-me afogar em ambições e ânsias desmedidas, nas quais mergulhei para me manter à tona de momentos mais profundos e negros.
Aprendi a sonhar, e com o sonho de sonhar estou em 2011.

2 comentários:

Abobrinha disse...

Aprendeste a "independer" em vez de depender... bem, estás pronto para o mundo, para ti e para dar-te a quem provar merecer-te, a quem eventualmente queira pertencer-te! Muito boa gente de muito mais idade não sabe ainda isso (eu mesma demorei muito mais tempo!).

Aprendeste a não esperar, a pôr pernas ao caminho, como quem vai mesmo a pé quando o autocarro se atrasa, porque sempre chega lá mais rápido e ainda aproveita para pensar na vida, fazer exercício e não levar com o sovaco de ninguém (um bónus agradável).

Acho que já não estás a sonhar: estás mesmo é bem acordado! E gosto de ver isso em ti! Porque mereces! Eu até te desejava um bom ano, mas estou a ver que não precisas: já está a ser e não gosto de ser redundante!

(Além disso estou com sono e nem tenho a certeza de ter feito sentido)

Laura disse...

(:



-eu não tenho nada para dizer, mas isto fez-me sorrir, tu sabes, acho eu-

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